terça-feira, 25 de março de 2008

YEAH!!


Ainda não tenho nada nas mãos. Ainda moro em São Paulo, de onde pouco saí desde meu nascimento, quando ainda nem existia o Atari. Não tenho condição ainda para ingressar na carreira diplomática.


Mas, contra os meus prognósticos, o bom senso, os búzios e tudo mais, passei para a segunda fase do concurso!!!!!! Não sei quantas exclamações bastariam para expressar o contentamento!!!!



Como a segunda fase será em 30 de março, e já estamos no dia 25, agora vou dar uma corrida nos estudos. Até mais!

domingo, 23 de março de 2008

Indios


"Os nossos tupinambás muito se admiram dos franceses e outros estrangeiros se darem ao trabalho de ir buscar os seus arabutan. Uma vez um velho perguntou-me: Por que vindes vós outros, maírs e perôs (franceses e portugueses) buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra? Respondi que tínhamos muita, mas não daquela qualidade, e que não a queimávamos, como ele o supunha, mas dela extraíamos tinta para tingir, tal qual o faziam eles com os seus cordões de algodão e suas plumas.


Retrucou o velho imediatamente: E porventura precisais de muitos? - Sim, respondi-lhe, pois no nosso país existem negociantes que possuem mais panos, facas, tesouras, espelhos e outras mercadorias do que podeis imaginar e um só deles compra todo o pau-brasil com que muitos navios voltam carregados. - Ah! retrucou o selvagem, tu me contas maravilhas, acrescentando depois de bem compreender o que eu dissera: Mas esse homem tão rico de que me falas não morre? - Sim, disse eu, morre como os outros.


Mas os selvagens são grandes discursadores e costumam ir em qualquer assunto até o fim, por isso perguntou-me de novo: E quando morrem para quem fica o que deixam? - Para seus filhos se os têm, respondi; na falta destes para os irmãos ou parentes mais próximos. - Na verdade, continuou o velho, que, como vereis, não era nenhum tolo, agora vejo que vós outros maírs sois grandes loucos, pois atravessais o mar e sofreis grandes incômodos, como dizeis quando aqui chegais, e trabalhais tanto para amontoar riquezas para vossos filhos ou para aqueles que vos sobrevivem! Não será a terra que vos nutriu suficiente para para alimentá-los também? Temos pais, mães e filhos a quem amamos; mas estamos certos de que depois da nossa morte a terra que nos nutriu também os nutrirá, por isso descansamos sem maiores cuidados" (diálogo entre índio e colono europeu no início da colonização, no século XV, citado em "O Povo Brasileiro", de Darcy Ribeiro, 2a. edição, São Paulo, Cia. das Letras, 1995, p. 46).
"Quem me dera, ao menos uma vez
Provar que quem tem mais do que precisa ter
Quase sempre se convence que não tem o bastante."
("Indios", Legião Urbana)