segunda-feira, 8 de outubro de 2007

administração doméstica


Morar sozinho não é uma atividade simples, inicialmente.

A total falta de conhecimento de como dirigir uma casa leva a descobertas incríveis a respeito da gênese de coisas simples como panelas e talheres.

De fato, quando eu era membro de um lar compartilhado com pais e irmãos, a superstição me era a principal fonte de explicação para uma série de fenômenos cotidianos.

Eu costumava creditar aos duendes o aparecimento súbito de roupas limpas e passadas no meu armário. Também na cozinha aconteciam coisas misteriosas: boa comida brotava nas panelas sobre o fogão, quando ninguém olhava - obra provável de algum saci.

Por outro lado, o chão, os móveis e o banheiro muito limpos me faziam crer que, na verdade, eu que era muito higiênico e não sujava nada, em raros momentos de lucidez...

Vivo agora na era das luzes, em que a razão derrotou o misticismo.

O momento dessa mudança foi o dia em que descobri a necessidade de uma geladeira, de um fogão (instalado), de panelas, copos, talheres, vassoura, rodo, balde, toalhas, pasta de dentes, escova de cabelos, cama, roupa de cama, mantimentos, sofá e televisão. Basicamente isso.

Digo "basicamente" porque todo dia se descobre um monte de coisas que se precisa ter em casa para uma vida confortável ou, ao menos, de coisas que se tornaram uma necessidade tão grande que eu nem percebia suas existências.

Assim como só se pensa em um pé quando ele dói.

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